Daqui centenas de anos, quiçá dezenas de anos, um diálogo entre um pai e seu
filho ocorrerá dentro de um museu:
– Pai, o que são essas máquinas?
– Eram chamadas de automóveis, meu filho. Serviam para levar os humanos para
diferentes lugares.
– Mas parecem tão grandes e pesados? Quantos humanos levavam?
– Bom, algumas dessas máquinas eram feitas para carregar até 40 pessoas, mas
a maioria, como essas aí, levava só uma.
– Só uma?
– E a máquina pesa mais ou menos 1 tonelada e meia. À vezes mais.
– Que coisa de doido!
– Sim, meu filho, coisa de doido.
– E eram movidas a fusão a frio? Eletricidade?
-Não, isso não existia não. Usavam um tipo de combustível fóssil, um tipo de
óleo retirado da Terra. O motor usava esse combustível com explosão.
– Explosão?
– É, esse querosene antigo explodia dentro do motor e movia umas manivelas,
uns pistões, e a coisa toda andava.
– Queimando querosene?
– Exatamente. Mas não se pode chamar de uma solução elegante. O rendimento
era baixíssimo, coisa de 5, 10% da energia se transformava em movimento.
– E o resto?
– Barulho, calor, e muito CO.
– Mas que máquina estúpida!
– Bom, meu filho, o ser humano passou por isso. Não sei se foi mesmo
preciso, mas aprendemos com a coisa.
– E como andavam? Onde circulavam esses automóveis?
– Em vias, feito pequenos caminhos.
– Como túneis?
– Não, como caminhos mesmo. Não haviam proteções ao lado destes caminhos. As
pessoas ficavam ao lado destes caminhos.
– Mas a que velociadade iam essas máquinas de 2 toneladas?
– Quando não estavam paradas por causa do excesso de automóveis nos caminhos, 60, 80 km por hora. Em alguns caminhos especiais iam a 100, 120 km por hora.
– Com as pessoas ao lado? E uma dentro? Numa máquina de 2 toneladas toda de
aço? Não era perigoso? Não morria ninguém?
– Sim, meu filho. Morria muita gente. Muita gente mesmo.
– Pai! como era estranho esse passado!
– Vamos seguindo, meu filho. Logo ali tem uma mostra da arquitetura do
século 13. Há algumas réplicas de seus calabouços…