Existem acadêmicos e acadêmicos…


acadêmico em exemplo prático

A paulistana Tatiana Schor fez mestrado em geografia na USP, pertinho de onde seu colega acima demonstrou os problemas de “uma mercadoria privada de uso público”.

“O Automóvel e a cidade de São Paulo” é o nome de sua pesquisa, que está sendo digitalizada e, em breve, estará disponível para download.

Como a própria autora ressalta na introdução de sua tese, ao comentar com amigos que estudava o automóvel, seus interlocutorers geralmente perguntavam quais eram as propostas dela para melhorar o trânsito de São Paulo. Seu estudo não apresenta soluções para o “problema”, mas já em 1999 ela percebia a “crescente e arrasadora importância do carro particular como meio de transporte”, inclusive como causa fundamental do tal “trânsito”.

Enquanto a versão digital da tese não fica pronta, você pode conferir dois artigos da autora no disco virtual: “Abram alas que eu quero passar” e “O automóvel e o desgaste social”.

(disco virtual: novas figuras na seção clippart)

e alguns trechos de “Abram alas (…)”:

“O desenvolvimento simultâneo da indústria automobilística e do capitalismo fica expresso inclusive nos termos utilizados para designar maneiras de organizar a produção (fordismo, pós-fordismo, toyotismo). Foi a necessidade de constituição do sistema automobilístico que boa parte do desenvolvimento industrial e planejamento urbano capacitou-se e direcionou-se. Suas necessidades técnicas impulsionaram a indústria, suas necessidades de espaço e de movimento veloz, como é fato para o caso de São Paulo, redimensionaram o desenho do urbano. O Automóvel, tanto construtor quanto destruidor, encanta o homem.”

“(…) quanto mais o indivíduo quer utilizar o seu carro menos ele consegue. Afinal se todos tiverem um carro e quiserem consumi-lo ao mesmo tempo, concretizando a individualidade, tem-se o estacionamento forçado (a trava). Quanto mais iguais forem os carros maiores serão as tentativas de modificar as aparências tornando cada um único, porém, homogeneamente igual. No caso da trava poderemos considerar como sendo o limite da propriedade privada e no caso da homogeneidade desesperadora como o limite desta sociedade que se transforma crescentemente em espetacular, isto é, puramente voltado para as aparências.”

One Comment