Henry Ford para prefeito!

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Mais uma idéia brilhante da Prefeitura de São Paulo vai ajudar a tornar a cena acima cada vez mais freqüente e a cidade cada vez mais agradável e silenciosa. Segundo reportagem da Folha de São Paulo, a CET está concluindo estudos para alterar o formato do rodízo de veículos na capital. O rodízio surgiu em 1995 para reduzir a poluição atmosférica na cidade e depois virou apenas um alívio entorpecente para o trânsito cada vez maior.

A idéia (que deixaria até Henry Ford envergonhado) consiste em realizar o rodízio apenas em avenidas principais, deixando as vias secundárias livres da proibição. Atenção para a declaração do presidente da CET, Roberto Scaringella: “A gente liberaria a miniviagem. Ou seja, para quem mora num bairro e quer ir da casa dele até a escola do filho. Hoje, ele não pode. Mas, se ele fizer esse deslocamento, não estará sobrecarregando os corredores congestionados.”. Em contrapartida, a CET promete aumentar o número de placas, o horário e as avenidas incluídas no rodízio.

Esse tipo de deslocamento (miniviagens) é exatamente aquele que deveria ser feito a pé ou de bicicleta (o meio ideal para viagens de até 8km).

“É preciso utilizar mais os horários ociosos e os espaços ociosos. Se der para aliviar vias muito congestionadas utilizando mais vias secundárias, é uma forma de distribuir a demanda de viagens mais racionalmente”, afirma Scaringella. Afinal, racionalidade é isso: para que entupir apenas as vias principais se podemos entupir a cidade inteira?

É consenso entre urbanistas e engenheiros de tráfego que o rodízio de veículos é apenas uma medida paliativa: ele alivia a situação imediatamente, mas outras atitudes devem ser tomadas para reduzir o tráfego. Em São Paulo, desde 1995, absolutamente nada foi feito nesse sentido, a não ser a reestruturação do transporte público iniciada pelo governo Marta Suplicy e descontinuada pelo atual prefeito.

Scaringella, segundo a reportagem, defendia até pouco tempo a implantação do pedágio urbano. Mas o Executivo considera a medida “muito radical”, pois “quebraria algumas atividades”. No entanto, não soa “radical” continuar matando cidadãos com a poluição atmosférica (70% da poluição da cidade é causada pelos veículos) ou degradar bairros inteiros com o trânsito.

Enquanto boa parte dos países decentes vem adotando medidas de restrição de circulação e estacionamento de carros, São Paulo mostra mais uma vez a sua mentalidade medíocre e subdesenvolvida com idéias brilhantes como esta. E preparem os hospitais, pois o número de doenças respiratórias e de câncer continuará aumentando.

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