USP x atletas – ato na segunda

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A partir de amanhã (25) os “ciclistas-atletas” que não pertencem aos quadros da USP (funcionários, estudantes e professores) estão proibidos de utilizar as ruas da Cidade Universitária nos dias úteis. Como a USP fecha aos domingos, restam os sábados, das 5h às 14h. (leia mais aqui ou veja o oficio do prefeito da USP)

A norma é confusa e vaga. Não sabemos ainda se um ciclista-não-atleta poderá entrar, nem ao menos como diferenciar um “ciclista-atleta” de outros.

Harmonia distante
A USP registra semanalmente 2 ou 3 casos de desentendimentos entre ciclistas, motoristas e pedestres. A maior parte envolve os chamados “pelotões”, atletas que treinam em grupo pelas ruas da Cidade Universitária.

Sabemos que boa parte dos motoristas não aceita dividir a rua com um veículo potencialmente mais lento. Ao ocupar uma faixa para circulação ou treinamento, o ciclista tem grande probabilidade de ouvir um argumento estúpido como “não paga IPVA e fica aí atrapalhando o trânsito”. Tentar explicar que a bicicleta é um veículo pode ser difícil no trânsito de São Paulo. O motorista, estressado e apressado, não tem tempo para conversas; prefere resolver com um chingamento, uma arrancada ou uma fechada.

Por outro lado, alguns “pelotões” reproduzem a lei da selva. Muitos não respeitam a preferência do pedestre nas travessias e chegam a buzinar antes das faixas. Boa parte dos atletas não utiliza a bicicleta como meio de transporte e alguns acabam se apropriando do espaço da universidade para uma atividade particular, sem ao menos respeitar a convivência geral.

No passado recente, o aluguel do espaço universitário por academias foi oficializado com o nome de “parceria” (leia aqui) ou leia sobre a recente proibição das tendas de apoio). Pouco antes, a USP tinha fechado suas portas aos domingos, botanto a pá de cal no uso recreativo do campus.

Até a década de 80, a USP era também um parque na zona oeste. Frequentada por todos, a praça do relógio tinha campos de futebol e o melhor cachorro quente da cidade. De lá pra cá, a cidade se adensou, a desigualdade aumentou, a especulação imobiliária correu solta e a “ilha da fantasia” quase virou “castelo do terror”: assaltos, tráfico, acidentes, lixo, trânsito e brigas entre os frequentadores. A USP se fechou e hoje o hot dog é péssimo por lá. Numa cidade carente de áreas públicas de boa qualidade, a “ilha da fantasia” ainda atrai visitantes de todos os tipos. A maioria só quer aproveitar, mas gente mal-educada existem em qualquer lugar.

Protesto segunda-feira
O comportamento lastimável de alguns atletas não justifica a proibição de acesso aos atletas em geral e, muito menos, àqueles que usam a bicicleta como meio de transporte ou lazer. É como proibir a circulação de automóveis porque alguns motoristas tiram “rachas” nas ruas.

Na próxima segunda-feira (25) haverá uma pedalada a partir das 19h, saindo do portão 6 do Ibirapuera (av. IV Centenário) até a USP. Segundo o texto oficial de divulgação, o protesto é “em prol dos ciclistas de São Paulo” e não apenas contra a regra da USP (apesar do ponto final ser o gabinete do prefeito da Cidade Universitária).

O :. apocalipse mototizado apoia a iniciativa, mas repudia a atitude de alguns motoristas que praticam ciclismo na USP e acham que as ruas são pistas de treinamento particulares.

Aproveitamos para disponibilizar o panfleto “Não faça com o pedestre o que o motorista faz com você” [ver JPG], destinado a ciclistas (atletas ou não) que acabam embarcando na lógica do mais forte e desrespeitam a parte mais fraca do trânsito: o pedestre.

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