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Na semana passada li que José Serra teria ordenado a retirada das faixas acima, espalhadas pela cidade pelo importador do uísque Johnny Walker (com o carimbo da CET e da Prefeitura). Serra teria julgado a campanha de mau gosto e permitiu a propaganda apenas nas proximidades do autódromo de Interlagos, picadeiro do “circo da fórmula-1” no último domingo.
A foto acima foi tirada hoje, na rua Augusta. Não é difícil encontrar pela cidade as faixas da campanha “Piloto da Vez“, o braço de “marketing social” do patrocinador da prova.
Opa! Um uísque patrocinando o clímax da velocidade motorizada na cidade do automóvel… A mesma cidade que mata 1500 pessoas a cada ano no trânsito? Pois é, em São Paulo a apoteose da Semana Nacional do Trânsito e das jornadas internacionais sem carro é uma corrida de fórmula-1!
A substituição de “motorista” por “piloto” e a associação do trânsito à competitividade (“assuma a liderança”) é um excesso irresponsável da propaganda e deve ter assustado o prefeito. Isso para não falar dos caminhões que circularam fazendo propaganda de puteiro de luxo pelas ruas congestionadas da capital (como relatado na seção “Brasiliana” da última Carta Capital). Tudo pelo esporte e pela responsabilidade! Só faltou o “faça sexo seguro” no parachoque do caminhão…
A campanha “Piloto da Vez” (ou “designated driver”) é baseada em um modelo estadunidense: consiste em sortear algum pobre coitado em um grupo de amigos para bancar o motorista sóbrio. A vítima deve passar a noite sem uma gota de álcool para poder levar os outros com segurança até em casa depois de horas de privações.
Lembro de um episódio dos Simpsons (“The City of New York vs. Homer Simpson”): o “piloto da vez” em uma noitada no bar do Moe é Barney, o beberrão acima, colega de Homer. Ele aguenta sóbrio o sofrimento da alegria alcoólica dos amigos até o último instante. Depois de deixá-los em casa, surta em crise de abstinência e vai parar em Nova Iorque com o carro do Homer.
Nunca pensei que fosse sentir saudades daquela campanha “se bebeu, não dirija: vá de taxi”.
PS: quantas faixas você viu a respeito do Dia Sem Carro, também apoiado pela prefeitura?
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