Goebbels, Fiat e o futuro

Segundo informa esta matéria do Estadão, com o sugestivo título de “montadoras mostram novas armas na guerra pela liderança”, deve entrar no ar neste final de semana mais uma campanha publicitária inspirada nos princípios do marqueteiro nazista Joseph Goebbels.

Trata-se da série “convidando você a pensar o futuro”, comemoração dos 30 anos em solo nacional da Fiat (a fabrica que tornou-se a maior da Itália fabricando máquinas de guerra para Mussolini).

A agência de publicidade entrevistou 250 crianças e adolescentes sobre o automóvel do futuro. Entre os depoimentos utilizados, carros movidos água e que despoluem a cidade em vez de poluir.

Na maior cara de pau, a indústria que mais polui e mata (direta ou indiretamente) no mundo faz propaganda dizendo exatamente o oposto. O marqueteiro nazista sorri no túmulo ao lado de Henry Ford.

“Responsabilidade corporativa”? Nada disso: “Eles (as crianças e adolescentes) são os consumidores do futuro”, explica o publicitário da agência responsável pela campanha.

Utilizar crianças em comerciais já é algo repugnante. Fazer propaganda destinada a elas é um dos maiores crimes contra a espécie humana praticados pelas corporações. Vender a morte como se fosse vida, a escravidão como liberdade e o individualismo como valor social é a base da propaganda dos automóveis.

Como eu acredito que lugar de criança não é em anúncio publicitário, resolvi proteger a identidade das duas garotas. Até porque elas têm bons anos de vida até os 18 para descobrir que o automóvel é a pior solução para o transporte urbano e o segundo responsável por mortes no Brasil (só perdendo para os homicídios).

PS: na versão impressa do jornal, aparecem as duas meninas acima. Já na edição digital (com link no começo do texto), apenas a loirinha ilustra a reportagem… Afinal, como todos sabem, o Brasil não é um país racista, a escolha da loira foi apenas um acaso e as borboletas nascem no escapamento dos carros.

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