Às vezes bate a sensação de que já chegamos ao 1984 de George Orwell e que a novilíngua já é a linguagem corrente. Se analisarmos apenas a publicidade que cerca o automóvel, a sensação vira certeza e não fica difícil entender o que Guy Debord chamou de a “materialização de um conceito de felicidade que o capitalismo desenvolvido tende a divulgar para toda a sociedade”.
O termo “revitalização” é usado para justificar a expulsão dos pobres das regiões centrais de São Paulo, Curitiba e outras cidades ao redor do país.
Também chama-se de “revitalização” o extermínio dos calçadões das regiões centrais e sua consequente abertura para as máquinas. [1], [2], [3], [4] , [Curitiba]
Se o marqueteiro nazista Joseph Goebbles fosse abastecer seu Volkswagen no Brasil em 2006, teria a sensação de missão cumprida.
“Revitalização instantânea para você e seu motor”. O fenômeno de dependência e fusão entre o corpo humano e as máquinas de quatro rodas é tamanho que a frase “você e seu motor” passa despercebida.
Será que a Shell sugere que bebamos petróleo para “revitalizar” a flora intestinal ou fortalecer os músculos do coração? Ou será que já nem percebemos a distinção entre nossos corpos e os produtos que nos cercam?
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