Red Bull deve R$5,6 mil aos cofres públicos – exibicionismo perigoso de fórmula 1 não custou R$37 mil

Ao contrário do que informou este site automobilístico, o custo do evento publicitário que colocou um veículo de Fórmula 1 para desfilar em ruas comuns de São Paulo foi de R$25.990,24, e não de R$37 mil (como afirmou o site).

Do valor total, R$20.387,74 já foram pagos. Os R$5,6 mil restantes ainda estão sendo cobrados.

Desta vez a informação tem fonte segura e oficial, ao contrário do site automobilístico, que divulgou a informação como vinda de uma “fonte graduada” (e oculta) da CET.

O e-mail enviado pelo apocalipse motorizado à CET fazia três perguntas. Confira abaixo as respostas do órgão de trânsito e, ao final, algumas considerações:

1) a empresa pagou os custos operacionais da CET? Se sim, qual foi o valor e, como cidadão e jornalista, onde posso consultar e comprovar este pagamento?

CET: O evento foi pago previamente pelo seu promotor. O custo total do evento foi de R$25.990,24, dos quais R$20.387,74 foram pagos previamente. A diferença deveu-se a acréscimo da prestação de serviço em vista de um replanejamento da atividade. Esta diferença está sendo cobrada. A constatação do pagamento pode ser feita em nossa Gerencia Financeira.

2) a empresa comunicou a CET com 45 dias de antecedência? Se sim, em qual data foi feita a comunicação?

CET: A solicitação do evento não considerou os prazos estipulados na legislação, mas pode ser atendido pela CET, como inúmeros outros eventos. A legislação é recente e ainda estamos educando a população com relação a prazos.

3) Quais foram os critérios que motivaram a CET a autorizar o evento, que permitiu um veículo atingir 250km/h em uma via onde o limite de velocidade é de 80km/h?

CET: O evento foi organizado e autorizado pela SPTuris, a SMSP (Secretaria das Supprefeituras), a Guarda Civil Metropolitana e pela CET, sendo estipuladas condições e restrições técnicas aos promotores do evento, as quais foram todas cumpridas: o itinerário foi totalmente segregado, dentro das normas de segurança viária, por meio de gradis, cavaletes e fita zebrada. Foi realizado de madrugada, sendo monitorado pela Polícia Militar e pela Guarda Civil Metropolitana, com disposição de agentes da CET ao longo de todo o trajeto. O horário previamente estabelecido foi cumprido rigorosamente. Cabe observar, finalmente, que os radares ao longo do percurso não registraram a velocidade alegada pelo missivista.

A informação a respeito das medidas de segurança não condizem muito com o que aconteceu. Basta assistir ao vídeo para ver que não haviam gradis, nem ao menos fitas zebradas segregando o trajeto do carro de Fórmula 1. A não ser que “segregar” seja apenas separá-lo apenas dos outros carros, desconsiderando (como de praxe) a segurança de pedestres, ciclistas e outros entes do trânsito.

O pedestre da foto acima, por exemplo, atravessa livremente a rua dois segundos antes do bólido passar. Dos ítens de segurança citados, só é possível ver cones para interditar o trânsito e cavaletes para impedir o estacionamento de veículos no trajeto a ser percorrido.

Outro detalhe nada seguro foi o fato da outra pista da 23 de maio não ter sido interditada. Qual motorista não estranhou a ausência de carros na pista contrária, já que a avenida é o principal eixo viário da cidade, com fluxo 24 horas por dia? Qual motorista não pisou no freio e olhou para o lado quando o carro de Fórmula 1 passou? Qual motorista não foi surpreendido pelo “ronco estrondoso do motor”, que mexe com a libido dos “amantes da velocidade” e pôde ser ouvido a distância? Vale lembrar que chovia no momento da exibição.

Por sorte, não houve nenhum engavetamento. Por sorte, o pedestre que cruzou a rua estava 2 segundos adiantado. Por sorte o piloto do fórumula 1 não passou por nenhum buraco ou tampa de bueiro que jogasse o carro longe. Por sorte… Já que as medidas de segurança do evento estiveram bem aquém daquelas existentes em qualquer autódromo de corrida.

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