Aventura no trânsito?


(reprodução de anúncio no serviço msn messenger)

A maior parte das pessoas que compra carros gigantes costuma circular sozinha dentro deles. Poucos são os que têm necessidade de transportar cargas volumosas e menos ainda são os que utilizam os veículos em terrenos “off-road” ou em longas viagens.

Mesmo assim estes monstros urbanos ganham (ou melhor, desperdiçam) cada vez mais espaço nas ruas e nas mentes dos brasileiros. Poder e status são quesitos importantes, para não dizer fundamentais, na escolha de um veículo para circular na selva agressiva do trânsito.

Geralmente este tipo de carro é vendido como apologia ao espírito de Indiana Jones, uma ilusão de aventura na selva, uma possibilidade de desbravar a natureza e chegar aonde ninguém chegou.

O anúncio acima esclarece um pouco as coisas: “a vida na cidade é uma aventura”. Não há pretensão de transportar o futuro consumidor à selva idílica ou ao topo da montanha, é para usar na cidade mesmo.

Aventura no trânsito de São Paulo? Só se for para ciclistas ou pedestres, arriscados a todo tipo de surpresas desagradáveis ou agressões por causa do uso excessivo e estúpido de veículos motorizados. Ou será que o anúncio sugere comportamento irresponsável e agressivo ao motorista urbano?

Todo motorista sabe que não há nada mais entediante do que dirigir um carro na cidade durante boa parte do dia: primeira, segunda, terceira, pisa no freio. Primeira, segunda, pisa no freio. Primeira, pisa no freio, buzina e xinga o motorista à frente. Repita cem vezes, sem olhar para o lado. Que baita aventura!


intervenção contra os monstros urbanos
durante o “Paris Motor Show” (fonte: 4×4 network)

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