53 anos de destruição automobilística

(reprodução: capa de caderno publicitário em jornal de sábado)

Chevrolet, Ford, Volkswagen, Fiat, Renault, Toyota, BMW, Mercedes, Audi e demais fabricantes de automóveis são os grandes responsáveis pelo “trânsito parado” na cidade. Mas eles não estão satisfeitos, afinal o apetite do automóvel por espaço é insaciável e o lucro é o grande motor das corporações.

Através de seus geniais publicitários, propagandeiam o entupimento das ruas como se este fosse um fator natural (como a chuva), e não a conseqüência de um gigantesco lobby que envolve também especuladores imobiliários, grileiros de terras, empreiteiras e políticos.

Estes grupos são os grandes responsáveis pelo colapso desta cidade ao longo do século XX, por tornar São Paulo uma cidade detestável de se viver, poluída, degradada, espalhada, agressiva e imóvel.

Chegamos ao século XXI em estado de calamidade. Até os 30% possuidores de automóveis começam a perceber que a prioridade absoluta ao automóvel é insustentável.

Em 453 anos de vida desta metrópole, não é exagero afirmar que no último meio-século a cidade destruiu mais a qualidade de vida do que nos outros quatro. Foi na segunda metade do século XX que o bonde desapareceu, que as montadoras se instalaram com gordos subsídios nos arredores da cidade, que as bicicletas foram sufocadas e reduzidas a objetos de lazer, que as calçadas foram destruídas e que a cidade se espalhou através dos condomínios fechados e dos bairros acessíveis apenas para quem possui automóvel.

Na semana do aniversário de São Paulo o :.apocalipse motorizado continua apontando problemas e articulando soluções. Tem a primeira bicicletada do ano, a morte dos calçadões do centro, a lei que cria o sistema cicloviário, a tentativa de criação de um monopólio dos anúncios de mídia exterior e a prostituição das faixas de ônibus.

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