A aberração é unânime: todos os jornais ditos “sérios” possuem uma (ou mais) páginas dedicadas à vida dos ricos, famosos e poderosos. E às vezes é bom dar uma olhada nestas páginas para ver o que pensam as pessoas que andam de helicóptero e adorariam morar em Paris (só não vão porque o custo dos escravos domésticos é muito mais alto naquelas paragens).
Na coluna social do Estadão de 2 de março deste ano, o autor disserta sobre o corredor de ônibus da Rebouças, que facilitou a vida de milhares de pessoas ao tornar o transporte público coletivo rápido e eficiente: “O grande erro inicial foi mexer na Rebouças que, se era péssima, agora virou impraticável. Os motoristas fogem dela e se refugiam tanto em Pinheiros como no Jardim Paulistano. Eta projeto ruim aquele!!! Inoportuno, ineficaz, mal acabado e caro!”. E termina em tom de ameça: “Não vamos esquecer….”.
Projeto “ruim, inoportuno e ineficaz” para quem, cara pálida? Para os motoristas de Pinheiros e do Jardim Paulistano, que possuem mais carros do que gente em suas casas, entopem as ruas da cidade diariamente até para ir à padaria, mas não querem trânsito na porta de suas casas? Ou para as milhares de pessoas que dependem do transporte público ou escolheram se locomover pela cidade de maneira mais inteligente e sustentável do que os esbanjadores que não vivem sem um “valet park”?
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