Ruim para quem, cara pálida?

Dizem os mais viajados que coluna social em jornal “sério” é uma aberração tipicamente brasileira, uma expressão “jornalística” de uma certa elite nacional que adora exibir seu charme “nouveau rich” em páginas de fofocas sobre a “high society” da Colônia. Nas Metrópoles, dizem, esse tipo de “jornalismo” fica restrito aos tablóides ou revistas do tipo Caras ou Contigo.

A aberração é unânime: todos os jornais ditos “sérios” possuem uma (ou mais) páginas dedicadas à vida dos ricos, famosos e poderosos. E às vezes é bom dar uma olhada nestas páginas para ver o que pensam as pessoas que andam de helicóptero e adorariam morar em Paris (só não vão porque o custo dos escravos domésticos é muito mais alto naquelas paragens).

Na coluna social do Estadão de 2 de março deste ano, o autor disserta sobre o corredor de ônibus da Rebouças, que facilitou a vida de milhares de pessoas ao tornar o transporte público coletivo rápido e eficiente: “O grande erro inicial foi mexer na Rebouças que, se era péssima, agora virou impraticável. Os motoristas fogem dela e se refugiam tanto em Pinheiros como no Jardim Paulistano. Eta projeto ruim aquele!!! Inoportuno, ineficaz, mal acabado e caro!”. E termina em tom de ameça: “Não vamos esquecer….”.

Projeto “ruim, inoportuno e ineficaz” para quem, cara pálida? Para os motoristas de Pinheiros e do Jardim Paulistano, que possuem mais carros do que gente em suas casas, entopem as ruas da cidade diariamente até para ir à padaria, mas não querem trânsito na porta de suas casas? Ou para as milhares de pessoas que dependem do transporte público ou escolheram se locomover pela cidade de maneira mais inteligente e sustentável do que os esbanjadores que não vivem sem um “valet park”?

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