O largo estreito

O largo São Bento, que nunca foi tão largo, praticamente desapareceu com o fechamento do calçadão da Florêncio de Abreu no final de 2006.

O espaço, que poderia ser usado tanto para a convivência quanto para o deslocamento de pessoas, foi invadido por duas pistas de rolamento, um “valet park” e viaturas da polícia.

O fechamento da Florêncio de Abreu para as pessoas foi a terceira morte de um calçadão executada pela atual administração.

Mesmo antes das obras pró-carro, o largo São Bento já sofria com os abusos de propriedades privadas sobre rodas. A base da Polícia Militar no local não afastava contraventores, que estacionavam tranqüilamente seus veículos sobre o calçadão aos finais de semana.

Outro trecho do largo era (e continua sendo) utilizado pelo valet park da igreja para embarque, desembarque e estacionamento de carros particulares durante casamentos, batizados e afins.

Mesmo com o fechamento do calçadão, não é raro assistir ao fluxo e estacionamento de veículos particulares em outros trechos do largo, como mostra a foto abaixo.


O processo de tirar espaço das pessoas e dedicá-lo aos automóveis vem sendo chamado de “revitalização”. No entanto, trazer vida à região seria construir um calçadão que ligasse o mosteiro de São Bento ao Mercado Municipal.

Ou será que alguns setores da administração municipal e da sociedade só consideram vivos aqueles que consomem?

4 Trackbacks

  1. […] permitem um abraço entre namorados, com áreas de brejo para impedir o acesso aos chafarizes, com carros passando no meio e outras praças antipraça ainda não viram […]

  2. By Calçadão para quem? « Panóptico on 10/04/2008 at 15h31

    […] destruição da rua 24 de maio, do largo São Bento, da rua Sete de abril e outros espaços é comandada por uma revitalização que entende que o […]

  3. […] passado. Hoje as praças estão sendo revitalizadas. Não têm bancos para se sentar e em algumas há ruas cortando-as. O senhor dando milho aos pombos não pode mais matar o tempo. O bate-bola no canto da praça não […]

  4. […] Nos últimos anos, o processo de abertura de avenidas e ruas, nos mais variados bairros, se intensificou. E o centro da cidade não escapou. Quando cada uma das faladas reformas de “revitalização” acaba, pode esperar: onde havia um largo, um calçadão, um espaço qualquer dando mole, surgirá uma rua para carros. […]

Post a Comment

Your email is never shared. Required fields are marked *

*
*