Nunca gostei muito de “city tours”, aquelas voltas pela cidade com guias e turmas de excursão. Mas em Munique uma proposta tentadora me fez mudar de idéia. Além das caminhadas e passeios de ônibus panorâmico pela cidade, existem ao menos duas opções para ciclistas de todas as idades.Optei pelo Mike’s Bike Tours. Saída às 11h30 da manhã para um rolê de aproximadamende quatro horas.
A turma, composta por estadunidenses, alemães, canadenses, italianos, croatas e um brasileiro seguiu pedalando pelo centro histórico…
… passou pelo belíssimo Hofgarten.
No parque, mais um exemplo simples do cuidado com o espaço público: em vez de cercas e estruturas anti-gente, uma simples placa educativa.Nem preciso dizer que as praças e parques daqui, além de bancos para sentar ou deitar (coisa rara em São Paulo), não possuem grades nem cercas.
Aí fica a pergunta: será que uma cidade com grades por todo lado e muita polícia rangendo os dentes e acelerando motos nas ruas é uma cidade segura?
Ou será que uma coisa não tem nada a ver com a outra?
Será que o velho discurso da distribuição de renda e da inclusão social não é muito mais eficiente para reduzir a criminalidade do que chacinas, abusos cotidianos e policiamento ostensivo contra os cidadãos? Quase não vi policiais pelas ruas. Cercas eletrificadas? Nenhuma. Viaturas na calçada? Também não…
Depois seguimos para o English Garten, o maior parque da Europa. Simplesmente alucinante.
Quem não nacescu virado pro mar, tem que improvisar. Engraçado foi ver um figura passando de bicicleta, roupa de borracha e com uma pranca de surfe debaixo do braço no meio do parque. Neste ponto do English Garten, surfistas aproveitam as ondas do rio Eisbach, que é limpo, igual ao nosso Tietê, não é?
Semáforo para carros, semáforo para bicicletas. Ambos são respeitados em toda a cidade.
Precisa dizer alguma coisa? E não é ciclovia não, é rua mesmo. Nenhum motorista buzina ou faz cara feia: simplesmente reduz a velocidade e mantém uma boa distância lateral ao ultrapassar o ciclista, igualzinho ao que tá escrito na lei brasileira.
Será que o agente da CET que deu esta desculpa esfarrapada para justificar o não cumprimento da lei em São Paulo ainda não consegue diferenciar 1,5 metros de 15 centímetros?
Nestes três dias de bicicleta por Munique, nenhum motorista me ultrapasou a menos de 2 metros de distância, ninguém buzinou para que eu saisse da frente e sempre tive a preferência respeitada nos cruzamentos onde não existe semáforo específico (para bicicletas, meu caro Watson).
Não vi ninguém avançando sinal vermelho: nem ciclista, nem motorista, nem pedestre (!!!).
Algumas lágrimas depois, ao final do rolê, deixei um adesivinho da Bicicletada com o Mike. Ele adorou e imediatamente colocou na porta de sua loja.
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