Repressão preventiva

educar ou punir?

Depois da popularização dos conceitos de “automóvel ecológico”, “ataque preventivo” e “guerra pela democracia”, a CET de São Paulo também aderiu à novilíngua.

À primeira vista, os agentes de “educação no trânsito” posicionados com bandeiras e coletes em algumas esquinas da capital têm como missão fazer com que os motoristas respeitem a travessia de pedestres.

Uma observação um pouco mais atenta mostra que a real tarefa dos porta-bandeiras é disciplinar os pedestres, ou seja, punir mais uma vez quem já não conta com o mínimo de estrutura adequada para se locomover pela cidade.

repressao_preventiva02.jpg

Os agentes da CET ficam posicionados apenas em pontos onde sua presença é absolutamente desnecessária para os motoristas.

Todas as travessias escolhidas para a ação “educativa” possuem semáforo de pedestres com tempos razoáveis e faixas bem pintadas no chão, ítens raríssimos nas esquinas da capital.

Quando o farol fecha e os carros param, eles estendem suas bandeiras com escritos “Pare” e “Respeite a faixa de pedestres”.

Quando a luz verde aparece para os automóveis, eles recolhem rapidamente as bandeiras (mesmo que existam pessoas cruzando a rua) e, como quem não quer nada, interrompem a passagem de pedestres.

repressao_preventiva03.jpg

Eles trabalham em dupla: um antes e outro depois da faixa, posicionamento absolutamente desncessário (para não dizer ridículo) se a missão fosse educar motoristas.

Mais: só atuam em horários de pouco trânsito. Nos horários de pico são substituídos pelos “marronzinhos”, que têm como uma das principais missões evitar que os carros fechem os cruzamentos. Mesmo que isso signifique orientar motoristas a permanecer sobre as faixas de pedestre.

Uma ação educativa séria levaria os porta-bandeiras para faixas não semaforizadas, inclusive em horários de pico, com panfletagem e orientação sobre a preferência dos pedestres na faixa.

Pedestre não mata motorista
O pedestre que se dane
Perigosos pedestres

9 Comments