Darwinismo urbano

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Uma ótima iniciativa para a cidade, para os motoristas de automóveis e para a própria seguradora. Economia de dinheiro, de recursos naturais e de espaço urbano. É a bicicleta ganhando cada vez mais visibilidade.

Outro dia encontrei um “bike-socorrista” no meu caminho para o trabalho. De bicicleta ou à pé é fácil puxar conversa. Com um sorriso no rosto, falei bom dia e elogiei a iniciativa. O rapaz, também sorrindo, devolveu o cumprimento e contou em alguns instantes a sua história:

– Cara, e você acredita que eu era motorista de guincho antes? Além de ser muito mais gostoso o novo trabalho, comecei a perceber que tem muita gente andando de bicicleta… Acho que é porque antes eu tava dentro do carro e não enxergava, mas hoje saio de casa e vejo uma porção de vizinhos indo pro trabalho de bicicleta.

– Tem, tem muita gente andando de bicicleta…

– Uma hora “os caras” vão perceber isso e aí começam a construir estruturas para a gente andar mais tranqüilo.

– É… Mas “os caras” só andam de carro, então vai demorar para eles perceberem que tem gente de bicicleta, nos ônibus ou à pé… Mas essa iniciativa de vocês é bacana, deve causar uma surpresa nos motoristas, né?

– Ô se causa! E geralmente é boa…

– Bom, eu vou virar na próxima esquina. Bom dia e bom trabalho.

– Pra você também…

O ponto de vista é um quesito importante na orientação de vidas, pensamentos, e ações. De dentro do carro, políticos, “especialistas”, técnicos, e motoristas em geral só costumam enxergar semáforos, trânsito e o veículo que vai à frente (geralmente obstáculos intransponíveis para realizarem a ilusão publicitária do carrão sozinho na estrada, a 220km/h). Talvez por isso continuem falando tanta bobagem na recente profusão de matérias sobre “o caos do trânsito” de São Paulo.

Para a iniciativa da Porto Seguro, muitos elogios e uma sugestão: porque não transformar os “bike-socorristas” em agentes educadores?

Em cada atendimento, o ciclista-mecânico poderia entregar um panfletinho simples, alertando para algumas normas de convivência pacífica no trânsito.

A empresa não precisa nem dizer ao seus clientes que o “insul-film”, além de sintoma de uma sociedade doente, é também um dispositivo que compromente a segurança de todos que estão nas ruas (vidros escuros, como disse o “bike socorrista” do vídeo, impedem a comunicação visual, colocando em risco pedestres, ciclistas, cadeirantes e oturos motoristas).

Basta escrever no papelzinho coisas simples como: “a bicicleta é um veículo”, “o pedestre tem sempre a preferência”, “ao ultrapassar um ciclista, reduza a velocidade e mantenha distância lateral de 1,5m”, “não polua os ouvidos da cidade: buzinar não faz o trânsito andar” e por aí vai….

Teste: atenção com o ciclista
Notícias de um trânsito invisível
Bike Socorro Porto Seguro

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