baixaria policial no Naked Ride em São Paulo / André Penner – AP – Estado de SP
Já passava das dez horas da noite do último domingo (15) quando um carro de polícia se aproximou de uma casa em Portland. Sozinha, uma policial desceu da viatura e bateu à porta. Foi recebida pela ciclista Meghan. No dia anterior, Meghan estava entre os 1500 participantes do World Naked Bike Ride na cidade.
A policial entrou, disse boa noite e tomou assento em uma poltrona. Começaram a conversar.
Meghan contou que durante a noite de sábado estava parada (sem roupa) na frente de um SUV branco, fazendo o tradicional “corking” (bloqueio do tráfego) para a massa de ciclistas passar quando o motorista, impaciente depois de três ciclos inteiros de semáforo, resolveu avançar com o carro. Seus gritos de “o que você está fazendo? vai me atropelar!” não fizeram o motorista recuar.
Mesmo devagar, o SUV branco avançou para cima da ciclista nua, que foi retirada da frente do carro por alguns amigos. Ela sofreu apenas dois pequenos hematomas na perna e teve o quadro de sua bicicleta amassado pelo carro. Por isso resolveu ligar para a polícia no dia seguinte.
Em quase uma hora de conversa, a policial perguntou todos os detalhes do ocorrido e recomendou que Meghan tirasse fotos dos hematomas para anexar ao inquérito.
Meghan contou ainda que depois do incidente ouviu alguns ciclistas dando tapas no capô do carro e também o barulho de um farol quebrado, provavelmente por uma trava de bicicleta de algum ciclista revoltado com a cena. Ao final da conversa, Meghan perguntou à policial se o fato de estar bloqueando o tráfego de um carro no sinal verde representava algum problema ou poderia ser usado contra ela.
A policial explicou: “De jeito nenhum. É como laranjas e maçãs. Se estivessemos no local, poderíamos ter impedido você de bloquear o tráfego ou até proibido a pedalada por não ter autorização. Mas o que estou investigando aqui não é isso. Não se trata de uma possível infração que você estaria cometendo ao bloquear a passagem do carro no sinal verde, muito menos a contravenção que você pode ter praticado por estar nua. Trata-se de um atentado à vida praticado pelo motorista, que avançou com seu carro para cima de um ser humano. Esse é o objeto da minha investigação. Além do que, estamos em Portland e sabemos como as coisas funcionam aqui: existem muitas pedaladas que não têm autorização e isso nunca foi um problema para nós. Sabemos como é importante valorizar o uso de bicicletas.”
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