arte: cc Tiago Nepomuceno
A explicação do autor:
“Um novo brasão para uma velha cidade. No lugar do forte braço empunhando a bandeira da cruz de cristo, a figura simbólica do soberano que há décadas tem sob suas rodas uma cidade rendida, ofendida, poluída, esgarçada, suja, segregada, barulhenta, burra e, mais que tudo, congestionada. No lugar dos orgulhosos ramos de café, a pistola de combustível que alimenta os senhores das ruas e a impiedosa motosserra, sempre pronta para tirar a vida de qualquer coisa que atrapalhe o pleno domínio do tirano poluidor.
No lugar dos frutos do cafeeiro muitos cifrões, para que ninguém esqueça o que move as autoridades e os “especialistas” a serviço da carrocracia. Por fim, substituindo a coroa de torres há o que restou das antigas, belas e cada vez mais escassas árvores paulistanas, mutiladas e assassinadas à luz do dia ou na calada da noite, maltratadas pelos próprios órgãos públicos a despeito de serem um patrimônio coletivo de valor inestimável.
Igual ao antigo brasão, apenas o orgulhoso e ufanista lema de outrora, hoje ainda mais atual do que ontem: “Não sou conduzido, conduzo”, divisa perfeita para uma cidade que orienta suas políticas e ações em benefício dos interesses dos automóveis e em detrimento da sustentabilidade socioambiental da qual todos dependem. As árvores sobreviventes da Marginal Tietê começaram a desaparecer. Os lacaios da carrocracia estão sorrindo. A história não os absolverá” – Tiago Costa Nepomuceno
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