video: renata falzoni
Não era surpresa para ninguém que a bicicleta seria o veículo mais rápido nas ruas de São Paulo durante o IV Desafio Intermodal da cidade. Antes da largada, e talvez de maneira inconsciente, o ciclista Ricardo Bruns já tinha pinta de campeão.
Ele sabia que seu tempo seria próximo dos 22 minutos, talvez com uma pequena diferença para cima ou para baixo, mas não era novidade que carros, motos, ônibus e trens não poderiam superá-lo no congestionamento das seis da tarde.
foto: cc fahrrad
A grande surpresa deste Desafio Intermodal foi o fato de Bruns em sua bicicleta chegar ao destino antes do jornalista Milton Jung, que que foi de helicóptero.
O desafio intermodal não é exatamente uma corrida, mas sim uma comparação entre diversas maneiras de se deslocar por uma cidade. Para entender a vitória da bicicleta, podemos imaginar que todos os participantes estão em uma reunião (ou em um parque) e decidem ir até outro ponto da cidade.
Depois de combinar o destino, cada participante pega o seu veículo e inicia o trajeto.
foto: cc milton jung
E aí começa a larga vantagem da bicicleta. Na maior parte dos casos, estacionar uma bicicleta é muito mais fácil e rápido do que guardar um carro, chamar um taxi ou esperar um ônibus. Como explica o jornalista Milton Jung, mesmo em uma região bizarra da cidade, onde helipontos são mais comuns do que pontos de ônibus, a praticidade da bicicleta permitiu que o ciclista abrisse uma larga vantagem enquanto o passageiro do helicóptero aguardava a chegada de seu veículo.
Assim como o bom transporte sobre trilhos (metrô), o tempo de deslocamento de uma bicicleta não depende de fatores externos. Enquanto o motorista de um carro pode levar 20 minutos ou 2 horas para fazer um mesmo percurso, o tempo da bicicleta (ou do metrô) é sempre o mesmo: a única variação diz respeito ao ritmo do ciclista ou, em casos extremos, à condições climáticas agressivas.
Bruns pedalava uma bicicleta de roda fixa, um tipo em que os pedais giram junto com a roda, ou seja, o ciclista não para de pedalar e consegue alcançar velocidades maiores do que as bicicletas comuns. Além disso, ele conhecia perfeitamente o trajeto em questão (da região da Berrini até o centro da cidade), sabendo os pontos perigosos, estreitos ou que de alguma maneira poderiam afetar seu desempenho.
Parece óbvio, mas não custa lembrar: bicicletas, ônibus, metrô, trens e motos são formas muito mais inteligentes de distribuir um recurso cada vez mais escasso na cidade de São Paulo: o espaço.
Enquanto cada motorista sozinho em seu carro ocupa mais de 12 metros quadrados na via, afetando significativamente a velocidade e o conforto de passageiros de ônibus, motos e também de outros motoristas, quem vai de bicicleta ou usa transporte coletivo contribui (e muito) para a melhora das condições de deslocamento urbano, inclusive para aqueles que precisam usar o carro.
Infelizmente, a cegueira motorizada de uma parcela ainda significativa da população e dos governantes segue considerando bicicletas e ônibus como veículos de segunda categoria, despejando rios de dinheiro e destinando milhares de quilômetros quadrados para o fluxo e estacionamento dos motores individuais e só algumas migalhas para o resto da população.
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resultados do desafio no ciclobr
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