Algumas coisas não podem ser contabilizadas em estatísticas, explicadas cientificamente em relações de causa e efeito ou racionalizadas em previsões lógicas.
Os encontros de massa crítica, chamados de Bicicletada no Brasil e em Portugal, certamente escapam a todas as tentativas cartesianas: às vezes o que prometia ser maravilhoso acaba indo por água abaixo e em tantas outras o que parecia fadado à catástrofe se transforma em uma experiência ímpar.
A Bicicletada da última sexta-feira foi um desses eventos memoráveis e é difícil explicar com palavras as razões para esta afirmação.
Apenas corpos presentes conseguem entender em seu metabolismo o que significam aquelas poucas horas de subversão do paradigma da imobilidade e do isolamento, quando uma janela se abre no espaço e no tempo para que indivíduos ativos e responsáveis por outros indivíduos governam um organismo vivo que se movimenta alegremente inspirando a metrópole.
Talvez tenha sido a chuva, que só caiu durante os 20 minutos finais da concetração lúdico-educativa, refrescando corpos e almas, limpando o ar e provocando encontros inusitados debaixo das marquises na região da Praça do Ciclista.
Talvez a fundação da Associação Ciclocidade na quarta-feira anterior, que conectou mais alguns espíritos até então isolados para amplificar a força de quem se move em direção às cidades do século XXI.
O fato é que mais de 250 pessoas pedalaram por mais de 20km de cidade no que talvez tenha sido a melhor bicicletada dos últimos dois anos.
No meio do caminho, um shopping center que foi inaugurado sem bicicletário recebeu a visita da massa, que deixou o recado e seguiu adiante para transformar mais alguns quilômetros de ruas em espaço fluído, seguro e humano.
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ecologia urbanafotos:
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