Santiago é uma cidade plana, com prédios baixos, casas antigas e uma boa distribução demográfica de sua população. Organizada em 32 comunidades relativamente autônomas, cada bairro tem as sua administração própria, sua rede de serviços, comércio, moradias e equipamentos públicos.
Ao contrário de São Paulo, onde os subprefeitos são nomeados pelo Prefeito (geralmente seguindo apenas os projetos eleitorais individuais de um e de outro, bem como a política do toma-la-da-ca que divide os cargos entre os partidos da base aliada), em Santiago o cidadão elege diretamente o “prefeito” de seu bairro.
Assim como em diversas cidades do mundo, a população também escolhe os representantes (vereadores) de sua região no chamado “voto distrital”, evitando que um candidato da região X seja eleito pela região Y e, consequentemente, aproximando representante e representado.
Ao longo das últimas duas décadas, Santiago começou a perder uma parte de seu maior patrimônio: a Cordilheira dos Andes, que cerca a cidade, está sendo roubada por empreendimentos imobiliários. Não a cordilheira em si, claro, mas a imagem onipresente das montanhas que, até bem pouco tempo, podiam ser vistas de qualquer ponto da cidade.
Talvez aproveitando-se dos efeitos de memória causados pela poluição veicular, que praticamente esconde as montanhas entre os meses de Maio e Agosto, construtores e especuladores começaram a erguer espigões de vidro e concreto que deixariam os entusiastas da Berrini e Águas Espraiadas com água na boca.
Pouco a pouco, o horizonte começa a ser tomado por guindastes, máquinas e homens trabalhando pela verticalização estúpida da cidade.
Prédios de três ou quatro andares ou casas antigas dão lugar a espigões desnecessários, ostentadores, onipresentes. Aos poucos, a Cordilheira começa a desaparecer.
Um dos primeiros “robocops” a roubar as montanhas é o da foto acima, construído pela Telefónica na época em que o Chile resolveu privatizar seus serviços de telecomunicações.
Como retribuição pela entrega do sistema de telefonia móvel, a empresa esapanhola deixou fincado no horizonte um prédio de vidro que imita um aparelho de telefone celuar. Bom gosto e criatividade capazes de deixar os “parques”, “pátios” e demais enclaves fortificados que hoje adornam as margens do endinheirado e fétido rio Pinheiros no chinelo.
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