Como morador e fã da Avenida Paulista, não poderia deixar de lamentar profundamente a barbárie da última quinta-feira, quando vândalos, bandidos e degredados em geral protagonizaram a pior devastação urbana dos últimos tempos na capital paulista.
Se as “Igrejas Universais” e a cachaça são o ópio do povo, pode-se dizer que o futebol é hoje o único fenômeno capaz de provocar revoltas e convulsões profundas nas massas.
Bancas de jornais, lojas, lixeiras, orelhões, carros, ônibus, estações de metrô, caixas de correio, bares, restaurantes, postos de gasolina, farmácias…. Nada ficou de pé depois do tumulto que envolveu mais de 10 mil são-paulinos e 350 policiais.
O cenário da madrugada na Paulista lembrava Bagdá durante a invasão americana: bombas estourando às 3h da manhã, gás, fumaça, fogo, rojões, sangue, pedras, sirenes, alarmes, cacos de vidro, ambulâncias, bombeiros, cavalaria e tropa de choque.
O engraçado é que as manifestações populares (tirando as pelegas, de sindicatos e partidos políticos) geralmente contam com um efetivo policial bem maior e uma repressão muito mais violenta do que a que foi vista na madrugada de ontem.
Seriam as torcidas uniformizadas e os vândalos anônimos vestidos com camisetas de times os novos exércitos revolucionários, únicas forças capazes de enfrentar as forças de repressão do Estado? Falta só uma causa, já que destruir uma estação de metrô porque o seu time foi campeão me parece um tanto distante de uma atitude transformadora.
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