Que a Terra se torne mais importante que o lucro.
Não é mais possível submeter o planeta e seus habitantes à lógica da exploração indiscriminada e do consumo descartável.
Em 2007, corporações multinacionais, agências de publicidade, empresas de mídia e outras instituições que lucram (e muito) com o capitalismo predatório mexeram seus tubos de ensaio e testaram algumas artimanhas do “marketing verde” (sic) para que tudo mude sem nada mudar.
“Neutralização de carbono”, plantio de eucaliptos via cartão de crédito, carros movidos a hidrogênio, sacolinhas plásticas e embalagens abusivas com símbolos de reciclagem e outras indulgências messiânicas serviram mais para acalmar as vítimas do terrorismo midiático do que para provocar reflexões e mudanças reais.
A sustentabilidade e o equilíbrio entre os diversos habitantes desta esfera azul só será conquistada quando discursos e imagens forem menos importantes que ações concretas.
O “marketing verde” (sic) segue o caminho oposto: propõe a salvação imediata e o alívio das consciências através da mesma lógica do “tudo se compra” que tantos danos já causou à humanidade e ao planeta.
A transformação da Terra em um ambiente equilibrado não será feita por patrocinadores ou heróis instantâneos, mas sim por um número cada vez maior de seres humanos dispostos a traçar o árduo caminho da educação e do fim de todas as deisgualdades.
Que o transporte público coletivo se transforme em um direito universal e seja utilizado por todos os cidadãos.
Enquanto os ônibus, metrôs, trens e lotações forem vistos como meio de transporte de quem não pode comprar um carro, a imobilidade urbana só tende a se acentuar.
A mudança radical de prioridades por parte dos governos é absolutamente imprescindível.
O transporte público coletivo no Brasil não pode mais ser tratado como um negócio controlado por submáfias do automóvel que só visam o lucro, mas deve ser um direito garantido pelo poder público.
Mudar prioridades significa retirar espaço e recursos públicos destinados ao transporte privado e investir no que é de todos.
Significa também realizar medidas simples de valorização e respeito aos usuários, proporcionar informações decentes sobre itinerários, ampliar o horário de funcionamento, proporcionar melhores condições de trabalho e salários aos funcionários, reduzir a tarifa e criar uma integração de verdade entre os diversos modais.
Por outro lado, a mudança de postura dos governos só será possível quando a sociedade se apropriar do transporte público, quando pessoas de todas as classes sociais e idades começaram a usar ônibus, metrôs e trens, exigindo que as melhorias sejam feitas.
Parece incrível, mas já existe uma casta de jovens adultos por volta dos 20 e poucos anos de idade que nunca andou de ônibus na vida. Como existe também uma imensa casta de políticos, técnicos e adminsitradores públicos que jamais utiliza o transporte coletivo (neste caso, o índice beira os 100%).
Se cada político, “especialista em transporte”, funcionário público ou planejador urbano deixasse de usar o carro pelo menos uma vez por semana, a realidade das ruas seria completamente diferente.
Que policiais e agentes de trânsito andem mais de bicicleta e a pé pelas cidades, tornando o estacionamento de carros oficiais nas calçadas uma exceção, e não a regra.
Qual o sentido de termos apenas viaturas e motos da polícia patrulhando avenidas congestionadas, gastando combustível e estressando os policiais?
Por que não reduzir o número de policiais e agentes de trânsito em viaturas ou motos e aumentar o efetivo que anda a pé ou de bicicleta, valorizando o transporte sustentável e promovendo a paz no trânsito onde ela deve ser promovida em primeiro lugar: nas ruas.
Feliz 2008 para os que ainda sonham e constroem a cada passo um outro mundo possível.
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