passado, presente e futuro na terra dos Matarazzo

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(clique na foto para ampliar. Tirada em out/04)

Outdoor em estacionamento da av. Paulista: o futuro pichado no presente. No detalhe, o passado: mansão da família Matarazzo que ocupou o terreno até 1996.O palacete foi construído no começo do século passsado. Em abril de 1986, a casa foi abandonada. Em 89 a prefeita Luiza Erundina solicitou o tombamento da propriedade, propondo transformar a mansão em um “museu do trabalhador”. Os herdeiros do conde Matarazzo conseguiram anular o tombamento na Justiça.

Em 4 de janeiro de 1996, parte da mansão desabou. Os jornais divulgaram que tinha sido por causa da chuva forte.

Dois dias depois, o Contru (órgão municipal que fiscaliza as construções) interditou a casa e “condenou” a família a reconstruir OU demolir a propriedade.

Em 11 de janeiro (apenas cinco dias depois), a demolição foi iniciada, sendo concluída em pouco mais de 30 dias. Na madrugada do dia 10 para o dia 11, o brasão que ficava na entrada da casa foi pichado. A Folha de São Paulo noticiou em 13 linhas, mas não disse o que foi escrito na pichação (seria mais um protesto silenciado pela mídia nativa ou apenas incompetência?).

“Foi sem querer querendo”
Em abril do mesmo ano, o Instituto de Criminalística divulgou laudo constatando que o desabamento foi intencional, já que as colunas de sustentação haviam sido escavadas intencionalmente. A Folha divulgou em uma nota de 8 linhas.

O processo de sabotagem ocorrido naqueles tempos bicudos de fim de governo Maluf era temporão: a grande maioria das mansões já havia sido destruída da mesma forma. No ano passado vi uma bela exposição de fotos no Conjunto Nacional sobre a história da Paulista. Durante as décadas de 70 e 80, os proprietários dos casarões (filhos e netos de quatrocentões em decadência) perceberam que os terrenos valiam ouro e resolveram embarcar na especulação imobiliária. Com a conivência das autoridades, passaram a sabotar as estruturas das casas, fazendo com que os órgãos públicos legitimassem a demolição. Surgiram arranha-céus e estacionamentos. Quem sabe, no futuro, venham as praças e as bicicletas.

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