Não é exagero afirmar que a indústria automobilística paga as tiragens dos três maiores jornais paulistas aos finais de semana.
Folha, Estado e JT trazem encartados nas edições de sábado cadernos especiais de 8 páginas com anúncios de três montadoras.
Se somarmos o dinheiro arrecadado pelos jornais com classificados e demais anúncios de carros publicados fora dos cadernos especiais, talvez seja válido dizer que o lobby automobilístico é responsável indireto pelo pagamento também dos salários dos jornalistas, fotógrafos e até da moça do cafezinho aos finais de semana.
(reproduções: anúncio em jornal de sábado)
Na semana passada, o caderno especial da Chevrolet (encartado no Estado de S.Paulo) se chamava “Chevrolet de Cinema”.
Os títulos são auto-explicativos do que se vende e da forma como uma opção de transporte é vendida como necessidade vital e sinônimo de liberdade.
E se você vai ao cinema, deve ter visto nos trailers o anúncio do Golf (nome de esporte chique), uma cópia invertida do filme Forrest Gump. No lugar da longa caminhada pelo mundo, o personagem da publicidade vende o tédio disfarçado de anestesia do ato de dirigir.
Na semana que passou o Conar (conselho de regulamentação publicitária) recomendou que a Fiat retire do ar o comercial de um carro que faz apologia à velocidade. A propaganda da Fiat é recheada por cenas de esportes radicais “para atrair o público jovem”. Não foi o primeiro abuso, nem será o último.Há dez anos, quem usava saltos de para-quedas em seus anúncios era a indústria tabagista. Os comerciais de cigarro foram proibidos.
As populações mundiais têm o direito de saber sobre a natureza danosa destes produtos, responsáveis por uma das maiores epidemias de saúde pública do mundo, que mata a cada ano 1,2 milhão de pessoas em todo o mundo, sem falar na destruição ambiental (vendida com selinho do IBAMA) ou nos inúmeros transtornos ambientais decorrentes do uso destes produtos.
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