Movimento

Bicicletada Março 2010 – Vitória – ES de Francisco Neto

Fluidez

Sexta-Feira, 18h, São Paulo

Sentido

Bicicletada de Abril, São Paulo

Massa Brasil

Sexta:

porto alegre

São Paulo

Brasília

Vitória

Recife

Lorena

São José dos Campos

Aracaju

Maceió

Sábado:

São Paulo

São Paulo: pedalinas

www.bicicletada.org

Como matar um corredor de ônibus

Este é o corredor de ônibus da av. Rebouças. E aí você pergunta: “Mas cadê os ônibus?”.

Desde o início das operações da suposta via expressa para coletivos, a administração municipal decidiu liberar também o fluxo do transporte público individual. Taxis (que geralmente transportam um passageiro) podem circular no local destinado aos ônibus (que transportam pelo menos 50 pessoas).

A liberação “provisória” do transporte individual no espaço dedicado aos coletivos começou em agosto de 2005 e é renovada de tempos em tempos por decreto. Vale para todos os poucos corredores “exclusivos” de ônibus de São Paulo. A mais recente edição da medida provisória eternamente em vigor libera o transporte individual no espaço coletivo até setembro de 2010.

Além dos taxis, veículos particulares também podem circular nos corredores de ônibus aos sábados e domingos. Ou seja, se você escolher ir pra balada de ônibus no sábado à noite, vai ter o seu deslocamento prejudicado por centenas de carros.

Afinal, poucas cidades sabem desvalorizar o transporte coletivo como São Paulo.

Sustos e buzinadas: compartilhe sua experiência

“monstros letais à frente” / trecho final de uma ciclovia em São Francisco

Quem já utilizou uma bicicleta na cidade ou dedicou dois neurônios e um par de minutos ao assunto sabe que a maior dificuldade enfrentada pelo ciclista urbano não é a topografia desfavorável, o clima ou as distâncias, mas sim o difícil compartilhamento das ruas com os veículos motorizados.

Contornar a “agressividade do trânsito” (inclusive em subidas ou nos dias de chuva ou sol forte) é o maior desafio de quem utiliza a bicicleta para ir e vir.

Para sobreviver ao individualismo e à pressa dos pilotos em bolhas motorizadas de velocidade potencial castrada, o ciclista urbano é obrigado a desenvolver técnicas de auto-preservação: buscar caminhos mais longos e livres máquinas, utilizar calçadas ou até pegar pequenos trajetos na contra-mão para fugir de uma avenida.

Com o objetivo de mapear as situações de maior risco, o ciclista Marcelo Mig criou uma pequena enquete digital que pode ser respondida aqui. Os resultados serão divulgados em breve.

incidente na ciclofaixa / foto: matias

A bicicleta é um veículo leve e que circula em velocidades humanas, portanto não oferece riscos significativos a seus utilizadores nem aos demais ocupantes das ruas. Em cidades livres da velocidade motorizada, bicicletas e pedestres conviveriam tranquilamente.

Na cidade congestionada, vítima da carrocracia que se arrasta há décadas, a pergunta mais frequente para quem usa bicicleta é “mas não é perigoso?”.

Andar de bicicleta não é perigoso. Perigosos são os carros fabricados e vendidos com a promessa de deslocamento instantâneo, perigosa é a transformação objetos de transporte em ícones de status e poder, a falta de educação e a impunidade de quem mata no trânsito.

Contestar o perigo é a tarefa das cidades que querem se livrar do genocídio e do abandono de seus espaços públicos. Sobreviver de maneira crítica e exercer a cidadania sem colocar a própria vida em risco é o caminho do ciclista urbano.

Cinquenta

Holanda, década de 1950

EUA, 1950

Brasil, 1950

Pós-moderno -> Alter-moderno

foto: David Falconer (1974)

O chamado pensamento pós-moderno trouxe a rejeição do absoluto, consolidando-se como um movimento de compreensão mais relativa e fluida da realidade. O pós-modernismo considera que o entendimento muda através das culturas, raças e tradições. Assim, a mente pós-moderna rejeitou a certeza da verdade fundamental e, como uma pedra caindo sobre a água, balançou o reflexo da realidade na literatura, filosofia e arte.

A era pós-moderna começou com a crise do petróleo em 1973 – o evento que fez o mundo inteiro perceber, pela primeira vez, que as reservas de combustíveis fósseis estavam acabando e que a era da abundância de energia já havia terminado. O capitalismo foi então forçado a se desconectar dos recursos naturais e reorientar suas bases para a inovação tecnológica e para a feitiçaria financeira.

arte: Caspar David Friedrich (1918)

Eu recebi um curso intensivo de pensamento pós-moderno durante o primeiro semestre no Swarthmore College. A professora começou a aula estimulando a rejeição do pensamento binário: dividiu a lousa em duas partes com uma linha vertical e pediu que enumerássemos dualismos. Depois de dar alguns exemplos – masculino / feminino, branco / preto – fomos convidados a entrar no jogo: rico / pobre, esperto / burro, humano / animal, legal / chato, magro / gordo… O jogo seguiu até a lousa ficar cheia. Então a nossa professora de literatura comparada fez uma pausa e perguntou se notávamos algo estranho na lista.

A resposta foi fácil: do lado esquerdo da lousa estavam as coisas “boas” – rico, esperto, humano, legal, magro, branco – e do lado direito as suas contra-partes, os termos renegados. Em um instante, nossa classe engoliu um preceito essencial da filosofia pós-moderna: o pensamento Ocidental dividiu o mundo em uma série de oposições binárias que privilegiam um lado em detrimento do outro. As implicações políticas da lição eram claras: a opressão pode ser rastreada através da maneira que pensamos e a esperança de liberdade resistiria em escapar do pensamento dualista.

O projeto pós-moderno de superação da lógica dualista, entretanto, foi mais difícil na prática do que aparentava em teoria.

arte: Barbar Kruger (1987)

Em primeiro lugar, não podemos apenas virar de cabeça para baixo os termos e privilegiar aqueles que, até o momento, eram diminuídos – isso simplesmente seria uma reprodução da lógica binária ao contrário.

A questão não é qual o termo privilegiado, mas sim a falsa crença de que a existência pode ser dividida em duas partes distintas e competitivas. Então a tarefa do ativista pós-moderno foi essencialmente a de embaçar e problematizar a ordem para destruir o pensamento dualista. E isso foi feito em nome de uma suposta libertação política.

Sob as luzes dos traumas da modernidade, período em que milhões de humanos se tornaram escravos por estarem do lado “errado” da lousa, o projeto de desconstruir o dualismo deveria ter sido um avanço. A desconstrução das categorias binárias – apontar que um termo nasce em oposição ao outro – poderia efetivamente ter impedido o eugenismo pseudo-científico dos Nazistas. No entanto, o grande problema da abordagem pós-moderna é que ela surgiu muito tarde.

arte: Jonathan Borofsky (1987)

O pensamento pós-moderno poderia ter sido capaz de impedir o genocídio da II Guerra Mundial. No entanto, no momento em que foi popularizado na academia e filtrado pela sociedade, a opressão não era mais caracterizada pela criação de opostos, mas sim pelo aumento da hibridização. Essa é a ironia da filosofia contemporânea: o que consideramos uma ferramenta de resistência se transformou no martelo de nossa opressão. E mais: ao rejeitarmos a lógica dualista, já não estamos mais desafiando o status quo… Nós estamos colaborando com a sua manutenção.

Considere o destino torto do manifesto “Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia”, de Gilles Deleuze e Felix Guatarri, texto considerado revolucionário por apresentar noções de fluidez, multiplicidade e hibridez e que embasou táticas de resistência anticapitalista. O livro serviu como manual para ativistas de esquerda, anarquistas e artistas desde a sua publicação na França, em 1980. Michel Foucault, o arquétipo do filósofo esquerdista francês engajado, foi mais longe ao declarar que “talvez um dia este século seja conhecido como ‘deleuziano’”, professando a vitória inevitável da luta anticapitalista do Maio de 68 francês.

De acordo com Slavoj Žižek no capítulo final de seu livro “Orgãos sem corpos: sobre Deleuze e suas consequências”, os melhores exemplares da filosofia deleuziana não são os anarquistas, mas sim os capitalistas tardios. “O pensamento de Foucault, Deleuze e Guattari, filósofos de ponta da resistência, que tiveram posições marginais atravessadas pelas redes de poder hegemônicas, acaba representando a ideologia das novas classes dominantes”. Para  Žižek, a falta de compreensão de Deleuze como um filósofo da resistência levou à situação em que os maiores teóricos anti-globalização estão usando praticamente a mesma retórica que os globalizantes.

foto: adbusters

Destacando Naomi Klein, Žižek continua: “Então quando Naomi Klein escreve que ‘a economia neoliberal é caracterizada em todos os níveis pela centralização, fusões e homogeneização’ e que isso é ‘uma guerra contra a diversidade’, ela não estaria colocando o foco em uma figura do capitalismo que tem os dias contados? Naomi Klein, ao afirmar isso, não seria aplaudida pelos capitalistas contemporâneos? A última moda da gestão corporativa não é exatamente ‘diversificar, decentralizar o poder, tentar mobilizar a criatividade local e a auto-organização?’. Não é a anti-centralização o principal motor do “novo” capitalismo digitalizado?”

O significado da crítica pungente de Žižek sobre Klein recai, na verdade, sobre uma linhagem inteira de teorias esquerdistas, que vão das multiplicidades deleuzianas até a multidão de Negri e Hardt. E como até agora não houve resposta à crítica de Žižek, não é difícil duvidar que continuamos a usar táticas pós-modernas. Será que enquanto rompíamos limites e cruzávamos fronteiras, o consumismo não acelerou sua expansão global pegando carona nos nossos esforços de borrar as identidades?

arte: adbusters

E agora, quando entramos em uma nova era da humanidade, onde a pós-modernidade escorrega na altermodernidade, descobrimos que os binários que rejeitamos não estavam apenas sendo obscurecidos, mas sim entrando em colapso. Hoje parece impossível dizer com certeza o que é real ou virtual, humano ou animal, orgânico ou geneticamente modificado.

Alguns querem ressuscitar com nostalgia a noção falida do projeto anti-moderno de destruição das distinções. Enquanto o coro (composto de cyberpunks e ativistas agrupados por capitalistas e tecnocratas) se alegra com a impossibilidade de distinguir online e offline, orgânico e sintético, homem e máquina, a mais crucial distinção de todas – a que separa resistência de cumplicidade – também entra em colapso. A menos que encontremos uma nova forma de criticar o sistema sem fortalece-lo, estaremos perdidos.

É preciso ter coragem para insistir que as diferenças importam sim – como a diferença de camarada e consumidor, humano e glutão, ou entre bem-viver e consumismo. Mesmo sem retornar ao projeto genocida da modernidade, é possível construir um novo caminho que se fortaleça com base na diferença essencial entre saúde de espírito e ganância material.

* tradução livre de texto de Micah White, publicado na edição 88 da revista Adbusters

Manchetes de hoje

Lula aumenta IPI para automóveis
Depois de quase um ano de mamata, imposto sobe em média 40% para os carros particulares. Compradores de SUVs pagarão até 70% mais de imposto que os demais.

Governo do Estado vai remover a Nova Marginal em 10 meses
Último decreto de Serra no governo prevê transformação das pistas em parque e ciclovia. Estudo indica a mesma solução para a “pista expressa”

Serra assume: “Nova Marginal foi o meu Minhocão”
Arrependido, Governador promete ainda investigar supostos desvios de verba da obra para caixa de campanha e diz que o reinado das construtoras acabou em São Paulo

Maluf se arrepende: “O Minhocão foi a minha Nova Marginal”
Ex-governador diz que jamais teria construído a pista expressa se soubesse a degradação que ela provocaria no centro da cidade

Alexandre de Moraes renuncia aos três cargos e três carros que ocupa
Ex multi-secretário declarou que só vai andar a pé e de transporte público e promete se dedicar apenas ao estudo do Código de Trânsito Brasileiro no próximo ano

Estacionar em São Paulo: só de um lado da rua
Estacionamento em espaço público será banido em diversas vias da capital. Áreas ganharão calçadas largas e faixas para bicicletas. “Se você tem um carro, deve ser responsável por encontrar um lugar privado para guarda-lo”, afirma novo presidente da CET

Denatran proibe vidros escuros em todo o país
Órgão afirma que o “insul-film” é uma das maiores ameaças à segurança nas ruas, colocando em risco especialmente pedestres e ciclistas

Paulistanos são os que mais respeitam a faixa de pedestres
Pesquisa revela que os motoristas da capital lideram o ranking de metrópoles onde o respeito à vida é mais importante que a pressa

Transporte coletivo terá tarifa zero a partir de maio
Gratuidade começa a vigorar no Dia do Trabalhador e será subsidiada pelo IPVA, pela arrecadação dos pedágios e multas de trânsito. Medida também deve acabar com a máfia do transporte na capital.

“Carros movidos a eletricidade e hidrogênio são engambelações da indústria automobilística”, afirma presidente da Fiat
Em coletiva na sede da empresa, representante da montadora diz que indústria automobilística se aproxima de Hollywood ao propagar soluções de ficção científica. O executivo aponta o espaço ocupado e a degradação do ambiente urbano como os maiores impactos do automóvel nas cidades

Jornais e revistas banem propagandas de automóveis
Em comunicado oficial, a ANJ declarou que as propagandas de veículos causam danos públicos irreparáveis, além de consumirem muito papel. Emissoras de TV estudam adotar a medida até o final do ano.

Expansão da rede sobre trilhos não será mais feita em ritmo eleitoral em SP
Inauguração de estações e linhas será feita periodicamente, e não apenas a cada quatro anos

Pelo terceiro ano consecutivo, nenhum ciclista foi morto em São Paulo
Diminuição no número de incidentes foi conquistada com a instauração do respeito à vida. Motoristas atestam: “reduzir a velocidade e ultrapassar as bicicletas mantendo uma distância segura é muito mais fácil do que se imagina”

Ferrovias: prioridade para todos os candidatos à Presidencia
Todos concordam: trens de passageiros e cargas são a iniciativa mais importante na área de transportes do Governo Federal. Estimativa é que as grandes e médias cidades do país estejam interligadas por trilhos em sete anos

Lula sanciona lei que reduz velocidade máxima nas áreas urbanas
Nas vias expressas, velocidade máxima será de 70km/h. Limite nas ruas e avenidas cai para 50km/h e nas áreas residenciais veículos não poderão ultrapassar os 40km/h. Expectativa é reduzir em até 70% o número mortes no trânsito.

Primeira linha de bonde em SP começa a funcionar em Junho
Ligação entre os bairros do Jabaquara e Pompeia é a primeira do projeto Vá de Bonde, que prevê 300km de trilhos nas principais avenidas da capital até a metade de 2011

São Paulo atinge 50 km de calçadas reformadas por mês
Média é alcançada depois do poder público assumir a responsabilidade pelas áreas de pedestre, e não apenas pelas faixas de circulação de veículos

Metrô e CPTM adaptam vagões e liberam entrada de ciclistas todos os dias da semana
Otimização do espaço nos trens permite que até 4 bicicletas sejam transportadas nos vagões sem atrapalhar os passageiros. Estações também terão rampas para as bicicletas nas escadas até o final do mês

Prédios construídos perto do metrô: uma vaga de garagem por apartamento
Lei aprovada pela Câmara estabelece que novas construções em um raio de até 6km de estações do metrô só podem ter uma vaga por apartamento. Kassab apoia e mercado imobiliário festeja a medida.

General Motors vai fabricar bondes e trens-bala
Montadora pretende adaptar 50% de suas fábricas para produzir trens de alta velocidade e bondes

Novo aumento nos combustíveis: litro da Gasolina vai a R$ 9,50 e Álcool sobe para R$7,30
Gás natural também fica mais caro a partir de segunda-feira. Alta causada pelo aumento de impostos sobre combustíveis deve proporcionar mais investimentos em transporte coletivo.

Concessionária vira parque na Zona Leste da capital
Revendedora que ocupava 3 mil metros quadrados será transformada em área de lazer. Com a queda nas vendas, mais de 150 lojas de veículos prometem seguir o exemplo

Centro de SP ganha 10 novos calçadões até o final do ano
Prefeitura irá banir os carros da região central, que tem o transporte coletivo mais abundante da cidade

Vereadores adotam o Dia Sem Carro duas vezes por semana na capital
Adesão de 100% inclui assessores e funcionários da Casa, que passarão a ter contato mais frequente com a realidade da cidade onde vivem. Governos Estadual e Federal devem adotar a medida em seis meses.

Veículo com alarme disparado poderá ser destruído por qualquer cidadão
“Lei Street Fighter” autoriza depredação cidadã em casos de alarmes que toquem por mais de 10 minutos. Prefeitura se compromete a encaminhar os destroços para a reciclagem em até 24h. Motorista infrator não poderá comprar outro veículo por dois anos. Medida deve ajudar a reduzir o número de automóveis nas ruas.

Praças de São Paulo: sem grades e com bancos
Kassab irá remover as cercas de todas as praças e instalar novos bancos com encostos em todas as áreas de lazer municipais. “Sabemos que a violência não será resolvida impedindo as pessoas de usarem os espaços públicos”, declarou o prefeito.

Avenidas construídas sobre córregos e rios terão faixas para bicicletas e parques lineares em 12 meses
Vias nas áreas mais planas da capital serão adaptadas para o uso de bicicleta. Prefeitura cria grupo de estudos para desenterrar 40% dos rios da cidade.

Centro de São Paulo revive após derrubada do Minhocão
Dois meses depois da via expressa ser removida, bares, centros culturais e áreas para pedestres ajudam a revitalizar a região

Empresas de blindagem apresentam prejuízo recorde pelo terceiro ano consecutivo
Setor está praticamente falido em São Paulo. Reocupação dos espaços públicos, uso do transporte coletivo e caminhadas até o trabalho reduziram a violência e tornaram os bairros mais seguros

Frota paulistana de helicópteros será adaptada para voos panorâmicos
Com a falência do transporte de executivos, últimas 15 aeronaves da capital serão inteiramente adaptadas para vôos turísticos

Paulistano lota coberturas públicas para ver a lua cheia
Transformação de terraços privados em áreas abertas à visitação pública permitiu que 3 milhões de paulistanos acompanhassem o nascer da lua na última terça-feira

Última torre de condomínio de luxo é demolida na capital
Decadente e tomado pela criminalidade de colarinho branco, condomínio “Parque” Cidade Jardim  dará lugar a moradias populares, campo de futebol de várzea e horta comunitária

1 milhão de ciclistas devem deixar a capital no feriado de Páscoa
Rotas cicloturísticas até o litoral devem receber o maior movimento. CPTM informou que haverá esquema especial de trens no domingo para trazer os ciclistas de volta

Taxista e motorista de ônibus intermunicipal dividem prêmio Motorista Cidadão
Vencedores ganharão uma viagem de trem até o litoral maranhense

Notícias de uma guerra pública

foto: tiago nepomuceno

No último sábado (27), a quarta Ghost Bike de São Paulo foi instalada na avenida Vereador José Diniz. As “bicicletas fantasma” são homenagens feitas em diversas cidades do mundo: uma bicicleta branca é colocada nos locais onde ciclistas foram mortos em incidentes de trânsito.

A homenagem de sábado foi em memória do Sr. Manoel Pereira Torres, morto no dia 20 de março por um motociclista que ultrapassou o sinal vermelho em alta velocidade e atingiu o “seu” Manoel na faixa de pedestres.

Manoel, de 53 anos, utilizava a bicicleta para ir ao trabalho todos os dias, saindo da Favela da Paz (Interlagos) até o bairro do Itaim.

A guerra invisível que mata pessoas que estavam apenas indo e vindo é a maior causa de mortes não naturais no estado de São Paulo, superando os homicídios. Em 2009, 69 ciclistas perderam a vida em incidentes de trânsito.

foto: vá de bike

O silêncio e a invisibilidade quanto à barbárie nas ruas é tão brutal quanto a pancada de algumas toneladas de aço em um corpo desprotegido.

Não há nada de acidental nestas mortes: elas são causadas pela estupidez ao volante, pelo estímulo à velocidade, pela impunidade dos que matam portando máquinas de deslocamento, pela indústria das carteiras de habilitação e pelo estado de tensão permanente de um trânsito imóvel em uma cidade onde reina a má distribuição geográfica de bem-estar, oportunidades de trabalho, cultura e lazer.

“Seu” Manoel foi morto por uma moto. Guy Debord afirmou que as motocicletas são subprodutos dos automóveis. Fica fácil entender o que dizia o francês ao olhar para a cidade que, até a década de 90, tinha office-boys usando transporte público para transportar documentos: é a urgência do congestionamento a responsável pela institucionalização do motoboy. Da mesma forma, é o número excessivo de veículos particulares que torna necessários os corredores de ônibus.

O ciclo vicioso desta guerra invisível precisa cessar. Não é possível perpetuar a lógica insustentável de mais carros, mais congestionamento, mais agressividade, mais mortes, mais infra-estrutura para carros, mais carros, mais congestionamento, mais agressividade, mais mortes…

O ciclista pertence às ruas. Não há cidade no mundo em que o tráfego de bicicletas aconteça apenas em ciclovias ou ciclofaixas. Compartilhar a rua e respeitar a vida é preciso e deve estar acima de tudo. Infelizmente, isso nunca foi dito aos motoristas, que só escutam falar em velocidade, potência e  maneiras de “se dar bem” com um carro.

relato da instalação da Ghost Bike em homenagem ao Sr. Manoel – vá de bike
fotos – tiago nepomuceno
fotos – willian cruz
postagens anteriores sobre ghost bikes
ghostbikes.org