Choveu. Choveu muito na tarde da última sexta-feira em São Paulo. Andar de bicicleta na chuva não é impossível, mas pode ser um tanto desagradável. Não tanto pela água que vem do céu, geralmente mais limpa do que aquela que respinga do asfalto, cheia de óleo, fuligem e tudo que o paulistano joga diariamente nas ruas impermeáveis e que não é levado para os rios ou recolhido pelos incasáveis garis.
Era dia de Bicicletada, a última do ano.
As placas da Praça do Ciclista, reinstaladas no Dia Sem Carro, ainda estavam por lá. A Praça do Ciclista é um espaço no final da avenida Paulista, um canteiro largo com uma estátua e um gramado no meio.
Dizem que o projeto original da avenida previa canteiros centrais largos ao longo de toda a Paulista, espaços para caminhadas, com árvores ou ciclovias.Os canteiros foram engolidos pelo automóvel e deram lugar a quatro pistas de rolamento que passam o dia congestionadas.
Em 2006 foram instaladas grades pela CET para impedir a passagem de pedestres no canteiro, ou seja, para legitimar que a cidade é feita exclusivamente para o automóvel. Sobrou a Praça do Ciclista, espaço de resistência que teve batismo popular em fevereiro deste ano e funciona como ponto de encontro das Bicicletadas paulistanas.
placa instalada pelos participantes da Bicicletada no Dia Sem Carro
Quatro bravos ciclistas apareceram. Refugiados no ponto de ônibus, trocavam idéias sobre bicicleta, chuva, São Paulo…
E ainda deu tempo de pequenos ajustes e troca de conhecimentos sobre mecânica das magrelas.
Em janeiro tem mais. Sempre na última sexta-feira de cada mês, às 18h, com encontro marcado na Praça do Ciclista, o canteiro central no finalzinho da Paulista, quase na Consolação, em cima do buraco da rampa anti-mendigo, em frente aos sebos do Belas Artes… Ali, onde a incansável estátua olha para o oceano de automóveis e sonha com dias melhores.
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